domingo, 1 de novembro de 2020

As terapias que vivi e as marcas que ficaram


As terapias que vivi e as marcas que ficaram.

Julho de 2013


        Escrever sobe o tema foi um dos maiores desafios. Adoro escrever e para mim sempre 
é fácil. Desta vez, ainda sem saber o motivo, sinto-me travada na questão.

       Resolvi então iniciar, indo ao dicionário para saber o significado de TERAPIA, e vi que TERAPIA (é derivada da palavra grega therapeutikós - therapéia) = Tratamento (para simplificar).
    No mesmo momento pensei: se é para simplificar, por que me senti tantas vezes tão confusa e tão complicada em função do que vivi na sessão...?
      A pergunta fica no ar.
   Voltei então no tempo, quando fiz terapia pela primeira vez. Não lembro o nome da terapeuta, mas foi no Instituto da família, e não houve empatia. Ela me parecia muito inexperiente, embora eu mesma só tivesse 30 anos, ou melhor, 29. Estava grávida de minha 3ªfilha, tinha perdido um bebê anteriormente, meu casamento estava falido e eu queria me encontrar.. Pedi para trocar e trocaram. Também não lembro do nome, mas lembro perfeitamente da pessoa, do seu reloginho minúsculo, do seu nariz entupido e do quanto era bom ir lá. O que aprendi com ela, não sei dizer, mas acabo de lembrar que bem antes de buscar ajuda em um profissional, eu já buscava ajuda na leitura. Tudo começou por querer entender o porquê de tanta raiva. A raiva por tudo e por nada, sempre foi uma constante na minha vida. Vasculhando agora, creio que me dei conta dela em torno de 9/10 anos...
     Mudei de terapeuta pois ali naquele lugar tinha esgotado. Passei então para a Vanda, em Niterói, iniciada em torno de 1998 ano este que me separei.
Vanda era uma senhorinha dos seus 60 anos ( engraçado falar senhorinha quando eu tenho hoje 54 anos), pós graduada em sexualidade e tinha uma cabeça 1000 vezes mais avançada que a minha. Com ela, as marcas ficadas foram imensas, mas apenas sentidas. Não lembro de muita coisa. Lembro que me aplicava Reiki embora na época eu nem soubesse que era Reiki.. Fazia também um trabalho com cores e eu me sentia muito bem.

      A maior marca deixada pela Vanda, foi que eu podia e deveria lutar pela minha liberdade de SER. Pensando agora, com a Vanda, sim, percebi que minha vida começou a ficar mais leve e mais simples e registro também o quanto ainda tudo é tão pesado e confuso apesar de tantos anos passados. Com a Vanda, descobri que tinha direito a sentir prazer sexual, e ali, por volta dos meus 40 anos comecei a gostar de sexo, antes odiado.
      Pude experimentar com seu apoio, um outro homem na vida ( antes foi apenas meu ex marido , meu primeiro namorado). Naquela época, me dei conta de como o sexo deixava a desejar no meu casamento, fato este que me levava a odiar o sexo, mas aí, começou a ficar difícil ir a Niterói e a manter a terapia por questões financeiras.    

      Sozinha, com 3 filhos e tendo que dar conta de ser mãe, pai, dona de casa, profissional etc, precisei encontrar uma terapeuta mais perto de casa para economia de tempo e dinheiro

   Foi aí que encontrei a Sônia. Conheci assistindo a uma palestra e gostei dela. O aprendizado foi imenso. Passei a me amar mais, a me dar maior valor e a valorizar mais meu lado profissional.
     Era muito bom estar com a Sonia, mas por diversas vezes me sentia presa a ela, não conseguindo tomar atitudes se não conversasse com ela antes. Passei um tempo assim e isso começou a me chatear. Decidi então me afastar temporariamente e fiquei por opção sem terapeuta por quase um ano, tentando decidir por mim mesma a minha vida. Foi bem interessante e ali a marca maior foi essa: tomar minhas próprias decisões.
      Voltei para Sonia depois deste um ano e fiquei aproximadamente até 2002/2001 quando decidi que mudaria pois estava sendo elogiada demais e não eram elogios que eu precisava.       Tinha consciência que precisava entrar em contato com a minha parte ruim pois tanto a boa quanto a ruim eram para mim, fantasmas da minha mente doente.
     Lembrei agora que por um breve período ( acho que 2 anos) participei de uma terapia de grupo voltada para o emagrecimento, feita por um psicólogo ( homem ) e uma psicóloga mulher. Não lembro os nomes. Aliás veio o dela: Márcia. Não sei dizer que período foi esse, mas ainda estava casada, querendo me separar e suponho que tenha sido em torno de 1996/97 Eles trabalhavam com pequenos textos, metáforas, que eu adorava e fazia insigths interessantes e ouvia do grupo coisas que jamais tinha imaginado neste meu mundo cor de rosa. A marca maior que ficou dali, foi que para emagrecer eu teria que mexer na minha vida pessoal, nada tendo a ver com a comida em si, ou com uma dieta. Ficou claro para mim, que o motivo pelo qual eu comia, estava vinculado a todas as marcas deixadas pela minha formação até meus 7 anos.
        Após deixar a Sonia e viver uma terapia em grupo, comecei a participar de outro grupo de reeducação Alimentar: Forma leve. A orientadora do grupo é minha atual terapeuta: Yara. Era muito bom ir semanalmente ao grupo e quando cheguei ao peso desejado, perguntei se ela tinha consultório e lá fui eu..
        Perguntei a Yara esses dias se ela podia me dizer quanto tempo estou com ela.

        Fiquei surpresa, pois não tinha a menor noção: aproximadamente 10 anos! 

        Parece que foi ontem!
      Em 2006, fiz também uma formação em Arteterapia onde pude entrar em contato com um mundo de questões e mudar muita coisa. A marca maior desta formação terapêutica foi ser mais confiante e ser mais carinhosa com meus filhos, com as pessoas de um modo geral e ter um olhar bem diferenciado de tudo que já tinha vivido.
      Lembro que na formatura, cada aluno ouvia algumas palavras e o que eu ouvi foi: Alice foi a única que nunca faltou nesses dois anos e a que mais mudou. E foi isso mesmo; Mudei muito, talvez por conta do tempo, as marcas com Yara são para mim, mais claras: pude finalmente expressar meu ódio por minha mãe. Não tenho como esquecer este dia. Fiquei dormente da cabeça aos pés e a sensação foi de morte. Foi tão horrível quanto gratificante.
Outra marca ficada foi a apresentação da Saberj. Até então, eu era meio frustada por não ter feito psicologia e saboreava os grupos de Arteterapia. Ao entrar para a Saberj, muito coisa melhorou.
     A raiva da mãe que eu achava resolvida, vinha a cada workshop. A tolerância e o perceber e respeitar o que o outro pensava, ficaram e continuam cada vez mais claro.
        Há alguma coisa do pai ainda não esclarecida, hoje tenho esta sensação.
        A partir daí, não posso mais delegar as marcas a uma terapia/terapeuta, apenas.
        Hoje sou o que sou pelas marcas deixadas por este conjunto:
       Meus amigos da Saberj, especialmente a Syl, que me ensinou a abraçar sem cobranças, Julio, primeiro homem que aprendi a confiar na vida, Cris, Bel que não tenho nem palavras...
     Devo acrescentar também, meus terapeutas especiais: Meus filhos, meu amigo Gomes, que me ouve sempre com muita paciência, com colocações por vezes incrivelmente terapêuticas. Meu amigo Décio, Com eles, tenho aprendido muito sobre o sexo. Minha prima Ana, que divide comigo suas alegrias e dores, fazendo-me sempre meditar sobre muita coisa.
      Meus professores queridos, que dentro de todo este contexto, e este grupo de terapeutas citados, me deixaram/deixam marcas de ouvir minha intuição, olhar o que está além da palavra, me olhar por dentro, de sentir, de me permitir ser, de não ter que ser perfeita, de que posso discutir sem agredir, de poder me atrasar, de poder ser DD sem culpas, de dizer não e sim, sem querer dizer o contrario, de deixar pra lá, de deixar rolar, de não deixar pra lá, de não deixar rolar, de não ter que agradar a todos, de querer ser alguém melhor e tantas outras coisas que neste momento com certeza estou esquecendo...
   Num trabalho conjunto Saberj/Yara, eu vivia/vivo coisas na Saberj e levava/levo para trabalhar na Yara.
     Mas a marca maior dentre todas, é : poder ser eu mesma, sem medo de ser FELIZ!!
Esta é a mais fantástica de todas.
   Muita coisa ainda preciso ver nesta vida, muita coisa preciso mudar, mas parando e avaliando tudo que já fiz de terapia, mudei muito! Tanto que não conheço bem esta nova Alice e portanto, tome terapia para conhecer e reconhecer mais e mais!


 



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário