quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Ahhhh o amor...

 

Ahhh o amor...

Muitas vezes na vida me perguntei se eu sabia o que era o amor... Com toda certeza, o amor para com meus filhos sempre foi  muito claro para mim e com certeza para muitas mães em relação a seus filhos, mas... e o amor entre amigos? Entre um homem e uma mulher? Sempre foi muito confuso pra mim. Sempre ficou na paixonite, que tem tempo de começar e terminar... e é muito rápido, ou então no “ eu gosto muito “, com medo, incerteza em assumir este amor ou ultrapassar limites antigos.

Neste momento eu vivo o amor. Se ele será pra toda vida, se vai durar um mês, um ano... Se é recíproco? Não sei, mas sei que hoje eu sinto amor e está muuuito gostoso. Não há cobrança, não há desentendimento não resolvíveis. Há aceitação, há dicas bacanas tanto de estímulos para seguir em frente nesta vida, crescer, amadurecer, evoluir, quanto para parar e pensar sobre alguma coisa que não está legal. 

A sensação que tenho hoje, é de preenchimento de um vazio de anos, iniciado talvez quando era criança.

Se isso não for amor, não sei mais de nada.

Sempre ouvi que o amor era maduro, que compreendia, que era parceria, entendimento, não julgamento, E é maravilhoso ver nos olhos de uma outra pessoa, a satisfação de estar ali contribuindo para nosso desenvolvimento, vibrando com nosso crescimento. Isso só foi possível pois tenho aprendido a ME amar.

A gratidão por tudo é tão grande, tão intensa, que não há palavras para descrever. A paz que transborda, a plenitude que se sente...

É querer  abraçar, beijar, ficar agarradinha, mas libertar. Sem nenhum sufocamento. É respeitar!

É saber que cada um tem a sua vida, mas que quando podem estar juntos, é maravilhoso.                                                                                                      

Isso me fez lembrar a Oração Da Gestalt – Terapia, que anexo aqui...

É... isso só pode ser o amor.




sábado, 21 de novembro de 2020

SOBRE PEDIR AJUDA

 
                              Sobre pedir ajuda                                       

Aprendi muito cedo a me virar sozinha. Devia ter uns 4, 5 anos. A partir daí, fui criando em mim uma independência. Não precisava de ajuda, não precisava pedir.

E muito disso eu fiz mesmo.

Ontem, ouvindo um mapa astral, a astróloga falou: então você é independente, não precisa de ajuda, não pede ajuda, se vira sozinha? Eu respondi : É, sou. E ri. Ri pois constatei que foi isso a vida toda, mas não precisa mais ser assim...

 Foi aí que mais  uma ficha caiu. Mas... a gente tem que aprender...

Fui então fazer um retrospecto da vida e das minhas atitudes.

Deus me enviou a Anny e tive que pedir muito contrariada, ajuda de diversas formas: financeira, física, emocional. Achei muito loucamente ( vejo isso hoje) que quando eu pagasse pelo serviço de alguém, não estava pedindo ajuda.

Tive que pedir ajuda no hospital, aos médicos, e por aí vai...

Operei e fiquei sozinha em casa, cuidando de mim mesma...Podia me virar sem problemas, E me virava mesmo. Eu só não percebia a que preço...

Mas  a conta chega e eu não aprendi tudo. Então Deus me enviou uma necrose no fêmur, no meio de uma pandemia, morando sozinha, numa casa enorme... E lá tive eu mais uma vez, que pedir ajuda...

Como cuidar da casa e de mim mesma usando duas muletas?

Creio que aprendi um pouco mais. Já peço ajuda sem me sentir mal, sem me sentir humilhada, e sabe? Está bom pedir ajuda. A muleta cai no chão e rapidamente encostam pessoas para pegar. Em momento anterior eu diria: Obrigada, não precisa. Ou me abaixava o mais rápido possível para não dar tempo de ter ajuda.Chamo esta ajuda de " ser mulherzinha ".

Chego em algum lugar e já querem pegar minha bolsa para eu não carregar peso... eu deixo ... de boa

Creio que estou caminhando, mas é um processo, um exercício diário, pois se deixar, digo que não precisa.

Quantas vezes na vida eu disse que não precisava de ajuda depois de me oferecerem, mas ficava com muita raiva por estar fazendo sozinha... e é interessante como eu ajudo as pessoas. Gosto de ajudar e me sinto bem e feliz quando faço isso.

Tenho constatado cada vez mais, que precisei me virar sozinha talvez por querer ser amada, pra ser boazinha e não dar trabalho, talvez por birra: já que não tenho, não quero mais... e por defesa, para não sofrer. Para não receber um não..

Só que o sofrimento sempre esteve ali... que loucura.

Está sendo bom andar devagar, aceitar ajuda e agradecer por ela... mas quero ir mais longe: quero me livrar das muletas, continuar pedindo auxilio e  agradecer por ele. Não quero ficar doente outra vez. Quero acolher minha criança, dar a ela o que ela sente que não teve, ajudá-la a seguir em  frente  comigo e dar a mim mesma todo carinho que eu quiser e que mereço.

domingo, 1 de novembro de 2020

As terapias que vivi e as marcas que ficaram


As terapias que vivi e as marcas que ficaram.

Julho de 2013


        Escrever sobe o tema foi um dos maiores desafios. Adoro escrever e para mim sempre 
é fácil. Desta vez, ainda sem saber o motivo, sinto-me travada na questão.

       Resolvi então iniciar, indo ao dicionário para saber o significado de TERAPIA, e vi que TERAPIA (é derivada da palavra grega therapeutikós - therapéia) = Tratamento (para simplificar).
    No mesmo momento pensei: se é para simplificar, por que me senti tantas vezes tão confusa e tão complicada em função do que vivi na sessão...?
      A pergunta fica no ar.
   Voltei então no tempo, quando fiz terapia pela primeira vez. Não lembro o nome da terapeuta, mas foi no Instituto da família, e não houve empatia. Ela me parecia muito inexperiente, embora eu mesma só tivesse 30 anos, ou melhor, 29. Estava grávida de minha 3ªfilha, tinha perdido um bebê anteriormente, meu casamento estava falido e eu queria me encontrar.. Pedi para trocar e trocaram. Também não lembro do nome, mas lembro perfeitamente da pessoa, do seu reloginho minúsculo, do seu nariz entupido e do quanto era bom ir lá. O que aprendi com ela, não sei dizer, mas acabo de lembrar que bem antes de buscar ajuda em um profissional, eu já buscava ajuda na leitura. Tudo começou por querer entender o porquê de tanta raiva. A raiva por tudo e por nada, sempre foi uma constante na minha vida. Vasculhando agora, creio que me dei conta dela em torno de 9/10 anos...
     Mudei de terapeuta pois ali naquele lugar tinha esgotado. Passei então para a Vanda, em Niterói, iniciada em torno de 1998 ano este que me separei.
Vanda era uma senhorinha dos seus 60 anos ( engraçado falar senhorinha quando eu tenho hoje 54 anos), pós graduada em sexualidade e tinha uma cabeça 1000 vezes mais avançada que a minha. Com ela, as marcas ficadas foram imensas, mas apenas sentidas. Não lembro de muita coisa. Lembro que me aplicava Reiki embora na época eu nem soubesse que era Reiki.. Fazia também um trabalho com cores e eu me sentia muito bem.

      A maior marca deixada pela Vanda, foi que eu podia e deveria lutar pela minha liberdade de SER. Pensando agora, com a Vanda, sim, percebi que minha vida começou a ficar mais leve e mais simples e registro também o quanto ainda tudo é tão pesado e confuso apesar de tantos anos passados. Com a Vanda, descobri que tinha direito a sentir prazer sexual, e ali, por volta dos meus 40 anos comecei a gostar de sexo, antes odiado.
      Pude experimentar com seu apoio, um outro homem na vida ( antes foi apenas meu ex marido , meu primeiro namorado). Naquela época, me dei conta de como o sexo deixava a desejar no meu casamento, fato este que me levava a odiar o sexo, mas aí, começou a ficar difícil ir a Niterói e a manter a terapia por questões financeiras.    

      Sozinha, com 3 filhos e tendo que dar conta de ser mãe, pai, dona de casa, profissional etc, precisei encontrar uma terapeuta mais perto de casa para economia de tempo e dinheiro

   Foi aí que encontrei a Sônia. Conheci assistindo a uma palestra e gostei dela. O aprendizado foi imenso. Passei a me amar mais, a me dar maior valor e a valorizar mais meu lado profissional.
     Era muito bom estar com a Sonia, mas por diversas vezes me sentia presa a ela, não conseguindo tomar atitudes se não conversasse com ela antes. Passei um tempo assim e isso começou a me chatear. Decidi então me afastar temporariamente e fiquei por opção sem terapeuta por quase um ano, tentando decidir por mim mesma a minha vida. Foi bem interessante e ali a marca maior foi essa: tomar minhas próprias decisões.
      Voltei para Sonia depois deste um ano e fiquei aproximadamente até 2002/2001 quando decidi que mudaria pois estava sendo elogiada demais e não eram elogios que eu precisava.       Tinha consciência que precisava entrar em contato com a minha parte ruim pois tanto a boa quanto a ruim eram para mim, fantasmas da minha mente doente.
     Lembrei agora que por um breve período ( acho que 2 anos) participei de uma terapia de grupo voltada para o emagrecimento, feita por um psicólogo ( homem ) e uma psicóloga mulher. Não lembro os nomes. Aliás veio o dela: Márcia. Não sei dizer que período foi esse, mas ainda estava casada, querendo me separar e suponho que tenha sido em torno de 1996/97 Eles trabalhavam com pequenos textos, metáforas, que eu adorava e fazia insigths interessantes e ouvia do grupo coisas que jamais tinha imaginado neste meu mundo cor de rosa. A marca maior que ficou dali, foi que para emagrecer eu teria que mexer na minha vida pessoal, nada tendo a ver com a comida em si, ou com uma dieta. Ficou claro para mim, que o motivo pelo qual eu comia, estava vinculado a todas as marcas deixadas pela minha formação até meus 7 anos.
        Após deixar a Sonia e viver uma terapia em grupo, comecei a participar de outro grupo de reeducação Alimentar: Forma leve. A orientadora do grupo é minha atual terapeuta: Yara. Era muito bom ir semanalmente ao grupo e quando cheguei ao peso desejado, perguntei se ela tinha consultório e lá fui eu..
        Perguntei a Yara esses dias se ela podia me dizer quanto tempo estou com ela.

        Fiquei surpresa, pois não tinha a menor noção: aproximadamente 10 anos! 

        Parece que foi ontem!
      Em 2006, fiz também uma formação em Arteterapia onde pude entrar em contato com um mundo de questões e mudar muita coisa. A marca maior desta formação terapêutica foi ser mais confiante e ser mais carinhosa com meus filhos, com as pessoas de um modo geral e ter um olhar bem diferenciado de tudo que já tinha vivido.
      Lembro que na formatura, cada aluno ouvia algumas palavras e o que eu ouvi foi: Alice foi a única que nunca faltou nesses dois anos e a que mais mudou. E foi isso mesmo; Mudei muito, talvez por conta do tempo, as marcas com Yara são para mim, mais claras: pude finalmente expressar meu ódio por minha mãe. Não tenho como esquecer este dia. Fiquei dormente da cabeça aos pés e a sensação foi de morte. Foi tão horrível quanto gratificante.
Outra marca ficada foi a apresentação da Saberj. Até então, eu era meio frustada por não ter feito psicologia e saboreava os grupos de Arteterapia. Ao entrar para a Saberj, muito coisa melhorou.
     A raiva da mãe que eu achava resolvida, vinha a cada workshop. A tolerância e o perceber e respeitar o que o outro pensava, ficaram e continuam cada vez mais claro.
        Há alguma coisa do pai ainda não esclarecida, hoje tenho esta sensação.
        A partir daí, não posso mais delegar as marcas a uma terapia/terapeuta, apenas.
        Hoje sou o que sou pelas marcas deixadas por este conjunto:
       Meus amigos da Saberj, especialmente a Syl, que me ensinou a abraçar sem cobranças, Julio, primeiro homem que aprendi a confiar na vida, Cris, Bel que não tenho nem palavras...
     Devo acrescentar também, meus terapeutas especiais: Meus filhos, meu amigo Gomes, que me ouve sempre com muita paciência, com colocações por vezes incrivelmente terapêuticas. Meu amigo Décio, Com eles, tenho aprendido muito sobre o sexo. Minha prima Ana, que divide comigo suas alegrias e dores, fazendo-me sempre meditar sobre muita coisa.
      Meus professores queridos, que dentro de todo este contexto, e este grupo de terapeutas citados, me deixaram/deixam marcas de ouvir minha intuição, olhar o que está além da palavra, me olhar por dentro, de sentir, de me permitir ser, de não ter que ser perfeita, de que posso discutir sem agredir, de poder me atrasar, de poder ser DD sem culpas, de dizer não e sim, sem querer dizer o contrario, de deixar pra lá, de deixar rolar, de não deixar pra lá, de não deixar rolar, de não ter que agradar a todos, de querer ser alguém melhor e tantas outras coisas que neste momento com certeza estou esquecendo...
   Num trabalho conjunto Saberj/Yara, eu vivia/vivo coisas na Saberj e levava/levo para trabalhar na Yara.
     Mas a marca maior dentre todas, é : poder ser eu mesma, sem medo de ser FELIZ!!
Esta é a mais fantástica de todas.
   Muita coisa ainda preciso ver nesta vida, muita coisa preciso mudar, mas parando e avaliando tudo que já fiz de terapia, mudei muito! Tanto que não conheço bem esta nova Alice e portanto, tome terapia para conhecer e reconhecer mais e mais!


 



 

Meu Corpo

 

Sabe-se hoje, que um bebê já percebe sensações desde a barriga da mãe... e daí até uns 3 anos a memória corporal fica presa nas sensações, presa ao sentir.
Atualmente, depois de anos de muito trabalho, gosto muito mais e aceito muito mais o meu corpo físico, mas percebo também que a memória corporal ainda precisa ser trabalhada, embora já esteja bem diferente de anos atrás. Amadurecer a memória corporal é muito mais difícil, até porque muito dessa memória fica no inconsciente...
Já terminada minha formação em análise Bioenergética, muita coisa mudou, mas muita coisa ainda precisa ser melhorada. Hoje, isso não me trás culpa e nem sensação de fracasso, mas gratidão por tudo que já melhorei e esperança que continuarei buscando o meu melhor...
Tenho revisto muita coisa que escrevi e achei no meio de muitas, um trabalho que fiz ao final do primeiro ano da formação, em 2010.
Vou postar aqui o trabalho feito...

 

     Rio de Janeiro, 6 de julho de 2010.
     Meu corpo
    Ao ter que fazer o trabalho sobre corpo, me veio muita dúvida, muitas questões bem formais: como escrever, como fazer, como apresentar, etc.
    Ao saber que o trabalho poderia ser um desenho, uma poesia, ou o que viesse, simplesmente elaborei-o na mesma hora em minha mente: meu corpo era UM TRONCO SE ABRINDO!
     Foi simples fazer, foi simples apresentar, mas escrever tem me trazido mais questões. A primeira que me veio, antes de fazer o trabalho foi o fato de ter dúvida sobre o tema: MEU CORPO ou O CORPO? Meu corpo seria falar de mim.. o corpo seria falar de um corpo que estaria fora de mim. E é impressionante que era assim mesmo que eu me vejo: fora de mim
   Ainda sem confirmação do tema, fiz a tarefa.
    Hoje percebo que fiquei fora daquele corpo. Ele estava no papel! E me veio na mente o quanto precisei e ainda preciso do outro para assim então, perceber-me. Perceber o corpo, os sentimentos, as sensações.
  Precisei que a Bel pontuasse que meu corpo parecia uma TORA para ver o quanto tora eu verdadeiramente era. E foi neste momento, num dos primeiros trabalhos, que comecei a olhar  meu corpo e a dar forma a ele.
    No decorrer deste ano, pude vivenciar “a tora” e todas as suas características e particularidades.
Pude perceber também que  a tora foi rachando e o quanto ela não permite que eu respire, e o quanto ela me faz conter minha respiração.
   Ao fazer o desenho do meu corpo, fui tirando parte da tora e tive a sensação que o que aparecia e tentava sair dali de dentro era uma borboleta, frágil, ainda amarrotada mas com força suficiente para sair e tentar seu primeiro vôo e se ver bonita e encantadora com todo seu colorido.
   Neste momento, entrei em contato com toda a sensibilidade existente por trás da tora e o quanto  trêmulo fica meu corpo quando esta emoção vem a tona.
   Agora mesmo, falando da emoção que me envolve, do corpo trêmulo, a mente se torna confusa como se houvesse um vazio e eu não pudesse pensar.
   Tremor... medo? De que? De quem? De me mostrar? De me colocar, de me expor? De mostrar o que sinto e depois sofrer? De me envolver? De perder?  Mas já sofro sem isso....por que  então não ousar me envolver? Não sei...dúvidas! Dúvidas?
   Resolvi respirar e aquietar para conseguir continuar. Alívio ao respirar mas ainda não sei como retomar a tarefa de escrever.
   Sinto o chão gelado  e logo vem a vontade de dormir.
   Meu corpo faz isso com galhardia! Desliga fácil dormindo.
   Sai da emoção , dorme, foge!
   Qual o problema em sentir? Qual meu problema em sentir? Por que o medo de sentir?
   Me veio a lembrança do  dia que meu pai faleceu.
   Fui capaz de no mesmo dia  conduzir toda a festa de 15 anos da Anny, sempre apoiada racionalmente nas frases: ele gostaria disso ou: quando Anny nasceu não pude comemorar e não vou deixar de fazê-lo agora.                                                                 
   Mas é sempre assim com a morte: aparentemente não me abala. Pauto-me no meu entendimento da morte: É APENAS UMA PASSAGEM, mas se eu realmente pensasse assim, que motivo teria para me desesperar quando a Anny não está bem de saúde?
     Outra vez vontade de dormir. E por que não dormir? Quando acordar retomo ao tema. Vamos fazer o que o corpo pede! Ou seria o que o inconsciente pede?
     Não consigo dormir. A mente teima em pensar.
     Percebo mãos dormentes, dor de cabeça e dentes serrados. Relaxo! Respiro.    
     Percebo o corpo tenso, enrijecido . Respiro, relaxo, Respiro mais profundamente.
     Me acalmo
  Levantei, olhei-me no espelho. Não gostei! Dobrei os joelhos como em grounding...  Gostei do que vi! Apesar da sensação meio incômoda nas pernas me achei mais bonita! Gostei.
     Pensei: estar em contato  comigo mesma pode parecer incômodo mas me faz melhor aos meus olhos.
    Tornei a olhar.. o que difere? Os culotes ! Por que me incomodam tanto?
     Respiro. Resolvo recomeçar da cabeça.
     Por que olhos tão tristes? Sorriso por fora e tristeza por dentro! E como as pessoas percebem a tristeza apesar do sorrisão!  Sempre me pontuam isso! E eu concordo...
    Agora, já não mais olhando o desenho feito e sim olhando meu corpo. Agora me coloco fora de mim.
    Muito tempo passou para eu conseguir continuar a escrever sobre meu corpo! E como ele está diferente depois de um mês. Retomo a figura para ser mais fiel ao que senti no momento que fiz o desenho...
    Percebo dois órgãos genitais e como o pau ( tronco/tora) foi desenhado pela necessidade que tive ao não me satisfazer com a borboleta saindo do casulo ( forma de vagina)...
    E retorno ao desenho do meu corpo, com abertura no coração e na direção dos órgãos genitais.
   O corpo deseja sair de dentro desta prisão ( a tora) e já tem conseguido muita coisa, embora eu ainda sinta medo de me permitir sentir...
   Outro dia ouvi uma coisa e pensei: é isso! Eu ouvi: você não resolve, você congela! E é isso mesmo!
    Congelo as sensações, congelo os sentimentos ..aliás eu tento congelar ....com medo se sofrer, com medo de me sentir rejeitada mais uma vez....mas na realidade tudo isso está dentro deste corpo, com vontade de sair daqui !! Daqui de dentro de mim!