quinta-feira, 13 de março de 2014

Aprendendo a dizer não


 Procurando ideias para organizar a festinha da Páscoa, me deparei com este texto que me chamou atenção justamente pela minha dificuldade de dizer não durante tanto tempo.
Ao ler o texto, comecei a me perguntar:  está falando de mim? Pois foi  justamente isso que aconteceu comigo. Foi  exatamente a narrativa da história que vivi.

A única diferença é que disse o meu primeiro não consciente, aos 30 anos, quando haveria um encontro do CAP,  meu colégio da 5ªsérie ao Ensino Médio,  depois de 18 anos sem maiores contatos.

Minha mãe atendeu a uma ligação do organizador  do evento ( eles ligaram para o número de telefone de solteira) e ao receber o recado, avisou: ahhh eles ( eu e meu irmão) não vão não pois tem festa junina da escola.

Depois disso, quando me avisou sobre o encontro e sobre o aviso dado por ela sem a menor consulta a minha pessoa, eu fiquei muito braba!

Como assim decidir por mim?

Mas foi o que sempre aconteceu a vida toda e eu nunca questionei...pelo contrário,  acatava,  embora no fundo eu ficasse  bem irritada, mas sem força alguma para me posicionar.Então, para ela,  era super normal responder  e eu ficar quieta e fazer o q era determinado.

Mas desta vez não fiquei. Encarei de frente e disse: nada disso. Eu vou ao encontro.

Neste momento fui condecorada com o título de mimada ( ué, mas quem me mimou? Rssss) , e passei a ser “rebelde”,  graças a Deus por uma grande causa: eu mesma, no meu direito de ser.

Fui ao encontro, que por sinal foi maravilhoso! Lembro da roupa, do dia, das pessoas como se fosse hoje.Minha amiga Walná ficou lá em casa  e a Katia foi conosco. Foi um dia muito feliz!

Deste momento em diante, comecei a conquistar meus nãos. Hoje está muito mais fácil dize-los e isso é ótimo.

Hoje já não sou mais considerada a menina rebelde e mimada, mas a guerreira que corre atrás dos seus desejos.

Hoje sei  o significado do NÃO para uma criança: ela está se afirmando com este não.

A gente é muito ignorante em muitas coisas.

As crianças de hoje, graças a Deus , não engolem mais nossos desejos. Buscam os seus. E questionam os nossos caso não concordem. E isso desde muito cedo.

Faça bom proveito da historinha que começou a escrita que posto hoje.

 
Aprendendo a dizer não  Barbara K. Bassett

Quando Angela tinha apenas dois ou três anos, seus pais a ensinaram a nunca dizer NÃO. Ela devia concordar com tudo o que eles falassem, pois, do contrário, era uma palmada e cama.

Assim, Angela tornou-se uma criança dócil, obediente, que nunca se zangava. Repartia suas coisas com os outros, era responsável, não brigava, obedecia a todas as regras, e para ela os pais estavam sempre certos.

A maioria dos professores valorizava muito essas qualidades, porém os mais sensíveis se perguntavam como Angela se sentia por dentro.

Ângela cresceu cercada de amigos que gostavam dela por causa de sua meiguice e de sua extrema prestatividade: mesmo que tivesse algum problema, ela nunca se recusava a ajudar os outros.

Aos trinta e três anos, Angela estava casada com um advogado e vivia com sua família numa casa confortável. Tinha dois lindos filhos e, quando alguém lhe perguntava como se sentia, ela sempre respondia: "Está tudo bem."

Mas, numa noite de inverno, perto do Natal, Angela não conseguiu pegar no sono, a cabeça tomada por terríveis pensamentos. De repente, sem saber o motivo, ela se surpreendeu desejando com tal intensidade que sua vida acabasse, que chegou a pedir a Deus que a levasse.

Então ela ouviu, vinda do fundo do seu coração, uma voz serena que, baixinho, disse apenas uma palavra: NÃO.

Naquele momento, Angela soube exatamente o que devia fazer. E eis o que ela passou a dizer àqueles a quem mais amava:

Não, não quero.
Não, não concordo.
Não, faça você.
Não, isso não serve pra mim.
Não, eu quero outra coisa.
Não, isso doeu muito.
Não, estou cansada.
Não, estou ocupada.
Não, prefiro outra coisa.

Sua família sofreu um impacto, seus amigos reagiram com surpresa. Ângela era outra pessoa, notava-se isso nos seus olhos, na sua postura, na forma serena mas afirmativa com que passou a expressar o seu desejo.
 Levou tempo para que Angela incorporasse o direito de dizer NÃO à sua vida. Mas a mudança que se operou nela contagiou sua família e seus amigos. O marido, a princípio chocado, foi descobrindo na sua mulher uma pessoa interessante, original, e não uma mera extensão dele mesmo. Os filhos passaram a aprender com a mãe o direito do próprio desejo. E os amigos que de fato amavam Angela, embora muitas vezes desconcertados, se alegraram com a transformação.

À medida que Angela foi se tornando mais capaz de dizer NÃO, as mudanças se ampliaram. Agora ela tem muito mais consciência de si mesma, dos seus sentimentos, talentos, necessidades e objetivos. Trabalha, administra seu próprio dinheiro, e nas eleições escolhe seus candidatos.
Muitas vezes ela fala com seus filhos: "Cada pessoa é diferente das outras e é bom a gente descobrir como cada um é. O importante é dizer o que você quer e ouvir o desejo do outro, dizer a sua opinião e ouvir o que o outro acha. Só assim podemos aprender e crescer. Só assim podemos ser felizes."

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